Afinal, que esperas de mim, de ti, de nós?

Chegaste e disseste logo que me amavas, assim, de chofre, com uma frontalidade brutal. Brutal pelo pouco tempo que passara ainda. Com uma ligeireza que me assustou. E disse-to. Parecia tudo tão improvável, ainda. Que não podia ser. Por causa de tanta coisa ainda por resolver. E eu que precisava ainda de respirar sozinha. Tinha - como ainda tenho - de crescer, de cair para aprender a levantar-me. E os medos, eram imensos... Que não tivesse medo, replicaste. Era assim, porque era, não havia melhor explicação, porque sentias assim, que deixasse fluir, não era para questionar, era para sentir,... E então, eu lá fui vencendo uns medos - não todos - e fui tentando responder, corresponder-te nas palavras e no sentir. Lá fui ultrapassando alguns "fantasmas". Surpreendentemente, dei por mim a sentir emoções que nunca tinha experimentado, só ouvido falar delas...algumas, desconhecia de todo. Outras ainda, repudiava-as nos outros... E entrei no jogo que me propuseste - esse jogo de amar alguém...dele só tinha ouvido falar...nunca tinha jogado, pelos vistos... E quando estou em pleno jogo, dizes-me que mudam as regras... Sinto-me estranha...é como se me tivesses ensinado o caminho para uma fonte de água pura e fresca, e, adivinhando-me sedenta, disseste-me "anda, vem e bebe à tua vontade". E eu fui. E no início eras tu quem me dava a taça para que bebesse...davas-me a água à boca...Mas então, eis-nos chegados ao ponto em que - julgo eu - vês que a minha sede é grande e interminável (por tua causa, também o sabes...), e resolves dar-me um copo...pequeno. Pretendes agora que eu beba pequenos tragos de água, espaçados, contidos... E que me sirva sozinha. Mas, e agora, que faço eu, pergunto-te? Como é que me desabituo da taça original? E do amor com que me era oferecida essa água? Afinal, que esperas de mim, de ti, de nós?