26.5.06

O Violino

De mim, entre outras coisas, a minha filha herdou o gosto pela música. Desde cedo é um elo natural entre nós. Temos ambas uma concepção musical do mundo. Não é possível conceber uma existência sem sons e melodias. Lembro-me de ter mais ou menos sete anos e à noite ficar quietinha, na cama, com o rádio encostado à orelha, à socapa, para a Mãe não perceber que não dormia; o objectivo era escutar todas as noites os “5 minutos de jazz” do José Duarte… Mais pequena ainda, sempre que ouvia músicas, especialmente solos de violino ou piano, fazia um jogo de mímica, tentando absorver a melodia e imitar o intérprete. Acho que deixava de ver onde estava e só sentia a música (ainda hoje é assim que medito e relaxo). Para mim, aquelas pessoas que ali estava eram pessoas com muita sorte, porque podiam – e sabiam - tocar um instrumento. Tal era esta minha “entrega” que a minha avó paterna, um dia, de tão impressionada, decidiu comprar-me um violino. Tal não veio a acontecer porque a minha mãe, que às vezes é de um pragmatismo que me impressiona, não o permitiu por, na altura, não ter disponibilidade para me levar a um professor ou a uma escola de música. Ficou-me sempre essa mágoa, e, ainda hoje, cá no fundo, sinto que, se tenho explorado essa paixão minha, talvez o Direito não fosse a minha primeira escolha… Porque me lembrei disto hoje? Porque vinha no carro de manhã, já só com a minha princesa (que o mano já estava entregue), a ouvir “the Mirror Conspiracy”, dos Thievery Corporation. E, de repente, apercebo-me que a miúda cantarolava, no exacto tom, a faixa que estava a passar. E quando chegámos à porta do colégio dela, pediu-me que a deixasse ouvir a música de novo. E ficámos ali meia hora a acabar todo o cd... o bem que me soube partilhar esta paixão com a minha baixota!... Ela sabe as músicas infantis todas, mas o que me envaidece nela é a abertura que já mostra para outros sons, para outras tendências… jazz, clássica, rock, chill, new age… e revi-me nela. E babei-me toda! E assumi hoje um compromisso para comigo mesma: se ela quiser, eu dar-lhe ei o “violino”…

25.5.06

Dream on, Mary Misty, dream on...

You Should Drive a Ford Shelby Mustang Cobra
You have an extreme need for speed, even when you're not in a hurry.
And while you’re flying by, you don't want to look like every other car on the road!

23.5.06

Dores de Crescimento

Crescer custa. E não é só por causa das dorzinhas nos ossos. Quanto nos olhamos no espelho da nossa consciência, às vezes o reflexo que vemos não é agradável. Ter o vislumbre da nossa própria essência pode ser, por vezes, aterrador. Porque traçámos objectivos que não foram cumpridos. Porque nos desviámos da rota que havíamos traçado. Tantas expectativas imaginadas à sombra de quem achámos que seríamos e não de quem realmente somos... E, às vezes, a displicência com que nos permitimos umas “borlas” a nós mesmos tem custos muito elevados. Mas até perceber isto, ainda demora.

19.5.06

Silverado

Vai ser o post mais kinky que já escrevi, mas...tou nem aí!... Vou trocar de carro. Vou deixar ir o meu primeiro carro. Foi mais que um carro, para mim. É o símbolo da minha independência, o meu grito do Ipiranga, a minha estrada... A "primeira vez" de qualquer coisa tem sempre essa aura de magia... e este carro foi o primeiro carro só meu, na minha nova vida, com a tónica no "minha"... com ele vai um bocadinho dessa essência minha... É estranho, mas quando fui ver a "máquina" nova, não me quis sentar dentro dela. Não estava preparada para aquilo...e mais estranho ainda, lá estava eu, no stand, a tratar da troca dos carros, com os olhos rasinhos de água, com pena de deixar o meu "Silverado" para ser trocado por um "disel powa"...e a única coisa "inteligente" que me ocorreu dizer foi "vejam lá a quem é que vendem o carro, se não se importam!..." Enfim, aqui fica a foto do "Silverado", que termina hoje os seus serviços à minha pessoa. Com louvor!

18.5.06

...valham-me dEUS! ...mas onde raio deixei eu a minha pen???

15.5.06

Dezoito

Dezoito. Dia 13 de Maio farias 18 anos, se cá estivesses. Por isso, parabéns, minha querida. Onde quer que estejas, que sejas feliz. Por cá, não foi dia de festa, nem as nossas almas, apesar de juntas, cantaram. Choraram, por ti…porque não tiveste muitos anos de vida… Agonia-me a cor, o cheiro e as pessoas da Igreja onde agora vou tantas vezes. Revolta-me, dá-me voltas às vísceras ter de estar ali…e exaspero-me comigo mesma por ter esta atitude de pretender saber que estás bem, mas depois pergunto-me a mim mesma (e no sábado, nem te passa pela cabeça as vezes que me perguntava, ao mesmo tempo que me recriminava por isso) “…estúpida, como podes saber com tanta certeza que ela está bem?...” …o que eu queria era estar agora a falar contigo sobre a carta de condução, os namorados que terias, falar de tudo e de nada, rir das coisas mais parvas, dar largas à cumplicidade que havia entre nós… E tenho medo…já não me lembro do teu cheiro…e tenho medo de perder a lembrança dos contornos do teu rosto, das tuas mãos esguias e elegantes, da tua silhueta fina e esguia de mulher quase feita… Foi, talvez, o mais insuportável dos dias, o de sábado…ver a Avó, perdida num mar de dor, uma dor de pedra…vê-la a perder o registo e a trazer à memória os dias do teu nascimento...ver que não era capaz de se calar com isso...o pior foi eu ter perdido a capacidade de a apoiar…deixei a raiva que tenho sair e saiu contra ela… Odeio-me por isso. E a tua Mãe…que pena tenho eu da tua Mãe, que não merecia ter de morrer com saudades de ti! Dói-me tanto que ela passe por isto… Tem uma ferida cuja magnitude nem desconfio…e não posso fazer nada por ela… e o teu Pai…o teu Pai…sabe bem esconder a sua dor…contido… E a tua irmã…ainda nem consegue aproximar-se da Igreja, quanto mais da tua campa… Custou-me ter de falar com aquelas pessoas que vinham dar um beijo à tua Mãe, inconsolável, revoltada, que tinha, ainda assim, que esboçar um sorriso. Explicar-lhes que sim, sou a Tia, irmã da Mãe…suportar o olhar misericordioso de quem nem sequer sei o nome!... Doeu, minha querida, doeu que se fartou… Por isso, hoje não consigo ter um discurso razoável… Merda, tenho saudades tuas, odeio a doença que te levou, mais os médicos, hospitais, amigos comovidos e lágrimas quentes, porque me lembram sempre que nunca mais te vou ouvir a chamar por mim…

11.5.06

Ai a vontadinha que eu tenho hoje de te dar beijinhos!!

10.5.06

PAI

Dedos ágeis esses teus, meu Pai. Trazem sons que lembram cores em manhãs de flor e sol, às vezes. Trazem sons, em outras vezes, para lembrar dores de amores. É sempre bom te ouvir, meu Pai, quando tocas, quando falas. Esse falar tão pouco, esse quase não dizer porque é preciso nos deixar à vontade para o acerto e os erros. Nos erros, tens para nós os ombros, sempre confortáveis, e outras poucas palavras para o reconforto; nos acertos, o riso indisfarçável do orgulho que engrandece, da humildade quase beatificante. Andam ágeis os teus dedos apesar dos anos todos. Olha, meu Pai, eu não preciso um mero domingo em agosto para te falar de coisas simples, cristalinas e fáceis (como este sempre envaidecer por ser teu filho). Toca outra valsa, meu Pai! Luiz de Aquino ---- Por tudo, Parabéns!

9.5.06

A Fórmula

Descobri a fórmula para poder continuar a fazer face ao aumento do preço dos combustíveis. Até vou já mandar fazer um "tó-colante" com estes dizeres: "Sim, sou hetero, sou fértil, vou ter sete filhos e vou continuar a encher o depósito!"...