De mim, entre outras coisas, a minha filha herdou o gosto pela música. Desde cedo é um elo natural entre nós. Temos ambas uma concepção musical do mundo. Não é possível conceber uma existência sem sons e melodias.
Lembro-me de ter mais ou menos sete anos e à noite ficar quietinha, na cama, com o rádio encostado à orelha, à socapa, para a Mãe não perceber que não dormia; o objectivo era escutar todas as noites os “5 minutos de jazz” do José Duarte…
Mais pequena ainda, sempre que ouvia músicas, especialmente solos de violino ou piano, fazia um jogo de mímica, tentando absorver a melodia e imitar o intérprete. Acho que deixava de ver onde estava e só sentia a música (ainda hoje é assim que medito e relaxo). Para mim, aquelas pessoas que ali estava eram pessoas com muita sorte, porque podiam – e sabiam - tocar um instrumento.
Tal era esta minha “entrega” que a minha avó paterna, um dia, de tão impressionada, decidiu comprar-me um violino. Tal não veio a acontecer porque a minha mãe, que às vezes é de um pragmatismo que me impressiona, não o permitiu por, na altura, não ter disponibilidade para me levar a um professor ou a uma escola de música.
Ficou-me sempre essa mágoa, e, ainda hoje, cá no fundo, sinto que, se tenho explorado essa paixão minha, talvez o Direito não fosse a minha primeira escolha…
Porque me lembrei disto hoje?
Porque vinha no carro de manhã, já só com a minha princesa (que o mano já estava entregue), a ouvir “the Mirror Conspiracy”, dos Thievery Corporation. E, de repente, apercebo-me que a miúda cantarolava, no exacto tom, a faixa que estava a passar. E quando chegámos à porta do colégio dela, pediu-me que a deixasse ouvir a música de novo. E ficámos ali meia hora a acabar todo o cd... o bem que me soube partilhar esta paixão com a minha baixota!...
Ela sabe as músicas infantis todas, mas o que me envaidece nela é a abertura que já mostra para outros sons, para outras tendências… jazz, clássica, rock, chill, new age… e revi-me nela. E babei-me toda!
E assumi hoje um compromisso para comigo mesma: se ela quiser, eu dar-lhe ei o “violino”…
26.5.06
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5 comentários:
Amiga, sempre percebi que música é contigo! Acredito piamente que se tivesses aprendido violino, possivelmente hoje o Direito não seria a escolha!
Deliciei-me ao imaginar a menina a cantarolar... ela tão desembaraçada...
e pronto... quem sai aos seus...
beijos grandes
Se ela quiser... Se ela gostar... Pois se ela já Ama... Pergunta-lhe...
Beijos às Duas!
cá pra mim ela vai precisar mesmo é dos 7 instrumentos!!
lol
É tão bom quando os pais não esquecem a infância quando passam para o "lado de lá"... :)
Agora já percebo de onde vem um som de violino, tocado ao longe, que às vezes espreita a minha janela mágica com vista para a música.
Pois eu, se tivesse tido oportunidade de viver com mais música, gostava de um piano. cujas teclas fossem intimas...
Bom Domingo vizinha, com muita música
ET
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