Com as mãos atadas

“Porquê? Mas porquê? Não me afastes!” – Não contenho a explosão… Tu falas. Explicas. Argumentas. Mas eu não te conheço ainda, desconheço essas tuas angústias. E reajo. Disparo primeiro e pergunto depois. E disparo com força. Depois, vens tu, com a tua calma (será calma ou mais um exercício de auto-controle?...), explicar-me porque é que te sentes assim…tu e o teu amor… A seguir, acabo a birra…ou não acabo…não gosto de perder…mas, espera lá, isto não é uma competição…é uma relação… Pois é, eu já não me lembrava do que era uma relação. Já não me lembrava do que é amar alguém…já não me lembrava que existem mais sentimentos para além do que aqueles que eu própria sinto. Tenho de deixar de ser egoísta. Só assim posso amar sem te magoar. Preciso de me lembrar do conceito de partilha. Mas, sim…então está bem, acedes tu…que sim, que se faça como eu quero…e eu quero fazer amor… Então, depois de me amares, revelas-me o que te rói por dentro. E eu sinto-me impotente. Porque tanto do que te corrói escapa àquilo que posso fazer para te ajudar. E a fuga não é o caminho… E ambos sabemos que o caminho – o nosso, a dois – há-de ser longo, vai exigir muito de nós…Mas eu, que ainda preciso de amadurecer, e muito, estou disposta a percorrê-lo. Mas não vai ser nem fácil, nem rápido… E, então, sinto-me de mão atadas…sem saber o que fazer para te tirar daí, desse quarto escuro, onde carregas o peso da tua vida, dos teus receios, das tuas frustrações. De mãos atadas. E sinto-me má, egoísta, porque fiz como normalmente faço – só olho para dentro, para mim… Só me resta dizer-te que te amo. Porque não sei que mais posso fazer…tanto que eu queria saber como te tirar daí…