7.11.05

Post sem título

A vida é feita de coisas boas, coisas muito boas. É também feita de coisas menos boas, ou mesmo más. É inelutável. É assim. E durante a nossa vida, também nos deparamos e relacionamos com todo o género de pessoas. A convivência com algumas dessas pessoas é-nos imposta, por razões profissionais, por exemplo. Algumas experiências são, de facto, muito desagradáveis, porque o universo laboral por vezes permite certos tipos de conduta que é difícil, para quem é mais sensível ou joga limpo, digerir. Até porque o panorama laboral está muito complicado e não nos permite luxos como mandar o parceiro do lado, que acabou de nos tentar lixar, ir à merda. Por vezes apetece mesmo virar o tabuleiro, pegar no casaco, mas lá nos ficamos pela esperança de acertar num toto-qualquer-coisa, que nos transporte para climas amenos e águas quentes…e vamos levando a vida… No plano pessoal, a coisa é mais complicada. Tem mais melindres. Ou porque se trata de familiares, (e quanto a esses, que não podemos escolher, temos de ir exercitando o perdão, pondo para trás das costas “tiradas” menos felizes, esquecendo juízos de valor injustos – nossos também... afinal, não somos todos humanamente imperfeitos?), ou porque se trata daqueles que elegemos como o objecto do nosso amor. Aqui é que “a porca torce o rabo”… desculpem lá a expressão… Diz o ditado “quem feio ama, bonito lhe parece”. E assim é. Sobretudo, quanto à estética “interior”… só que o fim de uma relação nunca é coisa bonita. Mesmo tratando-se de um par de pessoas com um sentido de civismo muito arreigado, ainda assim é algo difícil. Porque se trata sempre de um fracasso – fracassámos nas expectativas que alimentámos quanto à relação em si, desde logo, e depois, quanto a toda uma expectativa de vida que, afinal, não se verificou. Para a maioria de nós, que fomos criada/os no mito de que a vida era mais ou menos parecida com histórias de fadas, com o “…e viveram felizes para sempre!” no final do conto, isto é tão traumático como o descobrir, aí pelos sete anos, que afinal o Pai Natal, gordo e vermelhinho, saiu da cabeça dos senhores do marketing da Coca Cola, Inc. Mais, o cenário agrava-se, quando o “feio-que-parecia-bonito” tira a máscara de amor que lhe havíamos colocado e revela-se-nos, enfim, num esplendor de maldade, de mesquinhez. E consegue mostrar-nos tudo quanto há de mais baixo e mau na natureza humana. E pior, faz-nos descer a esse patamar medíocre. Vai-se lá com uma facilidade assustadora. Eu já sei disto. Por isso é que debitei aquelas linhas no sábado. A escrita ajuda-me muito a desabafar aquilo que eu trago dentro de mim. O melhor e o pior. Porém, o acto de exteriorizar estes maus sentimentos através da escrita tem a vantagem de fazer com que, ao fim a ao cabo, eu até consiga relativizar essas mesmas coisas. Hoje, ao ver o que escrevi, continuo a achar que fiz bem. Porque me permitiu passar o resto do fim-de-semana completamente esquecida de quem me fez sentir assim tão mal. Disse exactamente aquilo que lhe diria se o visse à minha frente, com a vantagem de lhe não dar essa de bandeja. Quando tiver de o encontrar de novo, já estarei fria q.b. para olhá-lo nos olhos, até dizer-lhe um bom dia muito, mas mesmo muito seco, e ser superior às suas provocações. Depois de escrever as linhas de sábado, acreditem que fiquei em paz comigo mesma. Passei um fim-de-semana muito agradável, na companhia do homem que amo, conheci pessoas novas, aproveitei o sol, enfim… …acreditem ou não, hoje nem me lembrava de ter escrito aquilo!...

11 comentários:

Anna^ disse...

Boa!! :))))))

bjokas ":o)

luis manuel disse...

Apenas sobre um parágrafo (do resto já falámos!) :
- o trauma do Pai Natal -

Não considero traumático.

Primeiro, porque a maioria (senão todas) das crianças, não imagina aligção a essa tal bebida ...

Segundo ( e mais importante ), porque quando aprendemos que não existe um Pai Natal que, em exclusivo e privado, nos vem entregar umas quantas lembranças, podemos contatar que os gestos - e os sinais, que "trocamos" e "sentimos" dando e recebendo, podem ser : justos, fraternos, sinceros, carinhosos, doces, ... e sobretudo amigáveis.

Xi!! Afinal, ainda pode haver Pai Natal !!

(o mal é haver poucos a acreditarem nisso )

luis manuel disse...

Ou seja, podemo acedtar mais em nós !
Um aabço

(maau otecldo nõ tá bom ..)

Misty disse...

Ó Luís, considerações à parte, que me merecam todo o apreço (os de agora e do post anterior, onde está coberto de razão - e devo dizer-lhe que o escrevi um pouco a pensar no que lá me disse), já me fartei de rir à conta do seu teclado!

António disse...

Obrigado pela visita.
Estou cansado e com sono, por isso desculpa não ler hoje nada do teu blog.
Beijinhos

digoeu disse...

mysty, fico feliz por ti!
;)
e quanto à ira e ao vernáculo,
a quem prende
porque já não cativa, é o mais recomendado:
força no palavrão(em diferido)
;)

Rosa disse...

E mainada! :)

Francis disse...

Todos nós temos dias ruins e tu não és excepção. Acredita em ti e acredita que os obstáculos se colocam para serem ultrapassados.

naoseiquenome usar disse...

"Depois de escrever as linhas de sábado, acreditem que fiquei em paz comigo mesma. Passei um fim-de-semana muito agradável, na companhia do homem que amo, conheci pessoas novas, aproveitei o sol, enfim…"
Ó rapariga, antes de mais Parabéns por teres lacançado esse estado de espírito!
Mas vais deculpar-me: deixaste-me toda baralhada! Então que amor é que se foi´e que amor é esse que te fez boa companhia no sábado, hein? ...
curiosidade ou baralhação à parte o importante és tu! Continua com força! Um beijo

António disse...

Hoje já li!
Um texto muito bem escrito (já notei que não sabes escrever mal, mesmo quando dás um grito de raiva e desespero) que é também uma análise sobre relações humanas.
Gostei!
É difícil não gostar do que escreves e do modo como o fazes.

Obrigado pela tua visita à minha casa.
Agora vou repousar um pouco de histórias longas.
Será o repouso do guerreiro...eh eh

Beijinhos

Å®t Øf £övë disse...

Misty,
Gostei de ler este teu texto. Tem nele contidas muitas verdades, e muitas delas bem polémicas.
Realmente tens razão quando falas nos "sapos" que temos que engolir na nossa vida profissional. Mas no que se refere à vida pessoal, a verdade é que para mim a coisa torna-se mais facil, porque eu simplesmente recuso-me a ser hipocrita. Já no seio familiar, só dou importância a quem na realidade a merece. Afinal a familia, contrariamente aos amigos, não a podemos escolher. Os amigos sim, esses é que são a familia que nós escolhemos.
No que toca ao coração, a coisa torna-se ainda mais polémica...
Bem sobre isso então é que eu prefiro nem falar...
Boa semana.
Bjs.