31.3.06

Cansaço...

"O que há em mim é sobretudo cansaço. Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém. Essas coisas todas Essas e o que faz falta nelas eternamente; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada -Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço. Íssimo, íssimo, íssimo,Cansaço..." Álvaro de Campos

3 comentários:

Joanissima disse...

O ópio dava uma clarividência extraordinária... Tenho que ir buscar um narguilé a Marrocos um dia destes...

Tu lembra-me... : )


(descansa no meu colo... estou aqui para ti, minha querida...)

pp disse...

Bonito o que escreveste :)

Beijos e bom fim de semana.

Bitchoman disse...

Sou fã de F.P. desde o meu 10º ano...não me lembro deste poema, mas gostei mto dele!! Acho que descreve o que mtas vezes se passa comigo...(não me querendo comparar ao autor, claro está!)
Bjnhoos