13.3.08
O arrendamento
O meu lado esquerdo tem andado atarefado desde que um certo "inquilino" cá se instalou. É verdade! Que me tem dado que fazer o rapaz! Há um ano atrás, pé ante pé, com algum receio, tímido, bateu à porta e pediu licença para entrar. De início não vi bem quem lá vinha. Andava atarefada a limpar o chão da minha vida e a arrumar as gavetas dos meus dias, de tal sorte que lhe disse que sim que entrasse, até me dava jeito a companhia. Sim, uma rapariga, mesmo em limpezas, gosta sempre de dar dois dedos de conversa. Até ajuda! E lá se foi deixando ficar o rapaz. Primeiro, muito sossegadito, a um canto - que ele sabe que uma rapariga em arrumações não se interrompe! Mas depois, até lhe ia pedindo ajuda nisto e naquilo, e ele foi ficando. E eu a arrumar, a arrumar... E ele ali, fazendo-me companhia. Como fazem os amigos, os bons amigos. Até que um dia, em que ele ali não estava, senti-lhe a falta. Procurei por ele em todos os recantos da minha casa e... nada! Fui encontrá-lo no meu coração, à minha espera! E, desde a altura em que me abriu os braços e me acolheu, nunca mais de lá saí! Arrendei-lhe o espaço no meu lado esquerdo, com um contrato sem termo, que o "regime legal" aqui é outro!
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